Dentre os motivos que encontro para antagonizar a maior rede social do planeta, o menor não é este: o fato de que não fazer parte do facebook sequestrou o status de coisa mais estranha que faço. Não sou mais o tiozinho maluco que raramente usa sapatos, o excêntrico que há 1o anos não assiste televisão. Sou o cara que você não pode encontrar no facebook.
Se eu tatuasse o corpo inteiro, chamaria menos atenção. Nada contra tatuar o corpo inteiro e por certo nada contra chamar a atenção – mas o que importa é que eu preferiria ser livre para escolher a estranheza pela qual sou lembrado.
Fui cidadão do facebook por três
Não tem fundamento a esperança de uma reconstituição completa do processo. Registro minha versão de segunda mão sem esperança de ser lido, entendido e muito menos – como seria inevitável há, digamos, trinta anos – compilado ao lado de outros na pretensão de um todo coerente. Não somos mais assim e é consenso universal que estamos em posição mais vantajosa.
O presente mundo é obra de um único teórico letonês, o tecno-místico Ainars Bučins, que em três ou quatro postagens do seu blog definiu o que veio a chamar-se (sem a intervenção dele) “paradigma de função”. O conceito, notável ou inevitável
Ateus e desconversos me interessam mais do que crentes e religiosos, porque via de regra submeteram-se a um autoexame mais inclemente e no processo abandonaram um bom número de ilusões a respeito de si mesmos e dos outros.
Para o teólogo Paul Tillich, o marxismo e a psicanálise são grandes e temíveis em que desmascaram níveis ocultos da realidade que antes de serem articulados determinavam o curso das gentes sem que os tivéssemos de olhar de frente. O homem natural tem medo (em alguns casos fundamentado) de que enxergar a realidade como ela é possa destruí-lo, por isso tende a rejeitar com paixão tanto as revelações do marxismo
Meu amigo Manuel Anastácio tem as faculdades, que não desejo para ninguém, de dizer o que se torna óbvio no exato momento em que é dito, de não poupar o ouvinte de uma verdade que ninguém tinha visto. Aqui ele está ao mesmo tempo denunciando e entendendo o meu rancor com relação ao Facebook:
Prosopobibliofobia é a aversão profunda às redes sociais e, em particular, ao Facebook. O prosopobibliófobo recusa-se a encarneirar com gente que, muito egipciamente, venera gatos e faz festas ao diabo da estupidez. Assim é, de facto. O Facebook alargou os horizontes da partilha da estupidez e das vaidades vãs. Mas culpar o Facebook é destituído
Semana passada entrei no Facebook por alguns minutos só para lhe mandar esta mensagem, mas tendo em vista o ruído do lugar, tento de novo por aqui.
Este documento contém clipes de vídeo que só podem ser visualizados na página da Bacia na internet.
O rabinismo babilônico derrotou a dialética, promovendo a noção de que todas as articulações da verdade são fundamentalmente contingentes.
Daniel Boyarin
Não há no Novo Testamento qualquer indício de que seus autores esperavam para o seu movimento um futuro que fosse de algum modo separado da história e da vocação do judaísmo de que faziam parte. Jesus era judeu, seus discípulos eram judeus; o apóstolo Paulo – muitas vezes acusado de inventar o cristianismo como coisa à parte do judaísmo – era formidavelmente judeu, e em suas exaltações descrevia no movimento de Jesus a vitória universal do judaísmo em vez da
ANDY WARHOL. Alguém disse que Brecht queria que todo mundo pensasse da mesma forma. Eu quero que todo mundo pense da mesma forma. Brecht queria isso de algum modo através do comunismo. Mas aqui isso está acontecendo espontaneamente, sem a intervenção de um estado rígido. E se está funcionando sem qualquer esforço, porque não funcionaria sem que nos tornemos comunistas? Todo mundo se parece entre si e age de modo semelhante, e estamos ficando cada vez mais assim. Eu acho que todos deveriam ser máquinas. Acho que todo mundo deveria curtir todo mundo.
ART NEWS: Essa é a ideia da Pop Art?
WARHOL. Exato. É curtir coisas.
ART NEWS.
Daniel Oudshoorn
Certa vez, quando comia com os fariseus e publicanos, um dos anciãos sentado no lugar de honra à direita do anfitrião começou a perguntar a Jesus sobre as frases atribuídas a ele.
– Rabi – disse o ancião, – você nos disse para amar o próximo e nos disse quem é o nosso próximo. Ouvi dizer que você também disse para amarmos os nossos inimigos e orar pelos que nos perseguem, mas você não foi tão claro a respeito de quem são os nossos inimigos. Diga-me, rabi, quem é o meu inimigo, para que eu o ame? Quem é aquele que me persegue, para que eu ore por ele?
Nasci em 24 de agosto de 1899. Fico feliz com isso porque gosto muito do século dezenove, embora possa ser dito em detrimento do século dezenove que ele conduziu ao século vinte, que acho menos admirável.
Jorge Luis Borges
Das lembranças que trago da Era Offline esta não é pequena: a sensação de correr ativamente atrás da cultura de massa, de ansiar por ela, de jogar-me no seu caminho, de implorar que ela se despejasse sobre mim – em vez de, como hoje, viver perseguido pela produção cultural na muralha perpetuamente autorregenerada de links da internet, cada um deles redigido para ter maior sucesso em me seduzir e desencaminhar
Você que nunca foi a uma igreja dessa tradição não tem como saber, mas um culto protestante tende a durar de duas a seis vezes mais do que uma missa católica, e uma grande percentagem desse tempo (entre 25 e 50%) é ocupada pela pregação.
E sim: se a conta está certa muitos protestantes (ou evangélicos, como certos círculos preferem ser chamados) tomam por coisa habitual ouvir pregações que se estendem relógio adentro quando missas inteiras já começaram e terminaram.
Essa diferença nasce de outra: a missa está centrada na eucaristia, mas o culto orbita ao redor da pregação.
O trajeto usual é este: quem se aproxima do socialismo é porque sente que há algo de errado com o capitalismo.
Como neste mundo o capitalismo é praticamente tudo que existe, é relativamente raro que as pessoas enxerguem no sistema (que é o seu mundo) falhas que as levem a concluir que o sistema precisa ser revisto ou substituído. Essa infrequência tem diversos motivos, mas deve-se antes de tudo à profundidade das transformações que o regime capitalista produziu no rastro da sua ascensão.
O capitalismo existiu em regime embrionário em todas as gerações dos homens, mas foi por milênios contido por restrições técnicas, morais